Nesta semana, em meados de 2025, o Brasil testemunhou um marco alarmante na história da cibersegurança: hackers desviaram mais de R$ 1 bilhão utilizando credenciais de uma empresa terceirizada conectada ao sistema do Banco Central. O alvo não foi o Pix em si, nem os bancos diretamente, mas uma falha na cadeia de confiança especificamente, na C&M Software, fornecedora que permitia acesso indireto ao ambiente financeiro sensível.
Esse ataque evidencia que em segurança cibernética, a vulnerabilidade de um elo pode comprometer toda a corrente. Por isso, separamos cinco ensinamentos cruciais para gestores de segurança e líderes que desejam proteger suas organizações em um mundo digital cada vez mais interconectado:
1. Confiança terceirizada exige vigilância constante
Ter um fornecedor “autorizado” não significa que ele esteja “seguro”. O incidente demonstrou que terceiros com acesso privilegiado precisam de auditorias constantes, monitoramento de credenciais e segurança proporcional à criticidade do acesso concedido.
2. Zero Trust não é só um jargão mas sim um imperativo
Modelos tradicionais baseados em confiança estática estão ultrapassados. Precisamos aplicar o conceito de Zero Trust na prática: verifique tudo, limite acessos, monitore continuamente. Mesmo quem já tem acesso precisa ser tratado com desconfiança técnica.
3. Gestão de credenciais é o novo perímetro
O ataque explorou uso indevido de credenciais. Isso exige medidas como:
- Autenticação multifator real, com validações contextuais
- Segregação de ambientes de teste e produção
- Rotina de rotação e expiração automática de chaves de acesso
4. Planos de resposta a incidentes precisam incluir fluxos interbancários e criptomoedas
A velocidade com que os fundos foram convertidos em Bitcoin e USDT mostra que os atacantes sabem como contornar rastreamento. Gestores de segurança precisam:
- Simular cenários de evasão usando ativos digitais
- Estabelecer parcerias com corretoras para resposta rápida
- Integrar inteligência de ameaças com foco em blockchain
5. A interdependência digital exige resiliência colaborativa
Nenhuma organização é uma ilha. O incidente não afetou só a C&M Software, mas expôs diversas instituições financeiras.
É hora de ampliar a colaboração entre bancos, fintechs, fornecedores e o próprio Banco Central em simulações conjuntas de ataque, compartilhamento de IOC (indicadores de comprometimento) e desenvolvimento de padrões mínimos de segurança.
Este ataque não foi apenas sobre dinheiro. Foi um alerta estratégico. Ele mostrou como um elo frágil pode gerar um efeito dominó de proporções bilionárias. Para o gestor de segurança, a lição é clara: blindar a própria casa não basta.
É preciso garantir que todos os seus parceiros também estejam preparados para a guerra invisível que acontece todos os dias no mundo digital.
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